NOTA DE REPÚDIO E DENÚNCIA

Nos moldes usados pelo governo federal, em grave episódio de machismo, sexismo e misoginia, além de repulsa ao trabalho jornalístico, o deputado por MS Loester Trutis desferiu feroz ataque a uma jornalista sul-mato-grossense.

Rayani Santa Cruz, do site topmidianews, foi acusada de deturpar fatos e recebeu igualmente acusações eivadas de apelo sexual, invasão do seu exercício de cidadania e desrespeito a seu trabalho.

Os acontecimentos

O deputado havia dito, nas redes sociais, que sofrera um atentado em 16/02/2020, em que recebera cinco tiros (https://g1.globo.com/…/deputado-federal-loester-trutis-diz-…).

No entanto, no dia 18 do mesmo mês, ele fez pronunciamento na Câmara dos Deputados (vídeo anexo), dizendo ter recebido nove tiros.

O site topmídianews, no dia 19/02/2020, com matéria assinada por Rayani, deu a seguinte manchete: “Deputado muda versão sobre suposto atentado e diz que foram nove tiros de submetralhadora”, absolutamente fiel aos depoimentos dados pelo próprio parlamentar (https://www.topmidianews.com.br/…/deputado-muda-ver…/124685/).

A partir de então, o deputado passou a agredir a jornalista, acusando-a de parcial. Publicou, em suas redes sociais mensagem mostrando como prova sua própria postagem anterior (no Facebook), de que recebera cinco tiros – ocultando sua versão na tribuna da Câmara dos Deputados, posterior, de que foram nove, o que comprova totalmente a manchete usada pelo veículo.

Mais do que apontá-la como profissionalmente irresponsável, usou dos mesmos argumentos preconceituosos, machistas e misóginos de seus correligionários hoje no governo federal: fez questão de utilizar palavras chulas e postou, sem escrúpulos: “tem outra jornalista tentando dar o furo”.

Assim como o presidente da República, Jair, e seu filho deputado, Eduardo Bolsonaro, Loester Trutis incorre em crimes. Em primeiro, crime de responsabilidade, ao proferir ofensa de cunho sexual (é atentado contra a Constituição insultar a dignidade humana, pelo art. 1.º, III) e ferir o próprio art 5º, que prevê direitos fundamentais.

Mais ainda, o deputado incorre no art. 299 do Código Penal, que consiste em “omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante” (no caso, o suposto atentado sofrido), ou seja, literalmente, mentir e omitir.

Sabemos que se trata de uma tentativa desse deputado de se incluir na mídia, principalmente a nacional, detentor de um mandato pífio (em um ano, apenas três projetos de lei e um substitutivo, o resto, requerimentos e quetais - verifique em https://www.camara.leg.br/deputados/204382?ano=2019), ao contrário de parlamentares – mesmo iniciantes – de várias outras legendas, que apresentaram proposições legislativas relevantes e representativas.

No entanto, não podemos nos calar diante de tal desfaçatez e acinte à democracia e à liberdade de expressão, manifestos na agressividade contra os profissionais do jornalismo.

O Sindjor-MS exige investigação, para que se apure o cometimento de crimes e averiguação das denúncias. Também repudia veementemente as ofensas à liberdade de expressão, ressaltando o trabalho jornalístico da repórter – que nada mais fez do que apurar e reproduzir fatos – manifestando igual desacordo com a invasão da vida da jornalista como cidadã (detentora do direito de voto e manifestação política).

Reproduzindo trechos da nota da Fenaj, “Dedicamos nossa solidariedade e atuação sindical, seja no campo político ou no jurídico (em fase de encaminhamento), às mulheres deste país, às mulheres jornalistas, às mulheres trabalhadoras, na certeza de que não passarão os insultos e ofensas de cunho machista, sexista e misógino.

Que nosso grito de repúdio sirva para frear tais comportamentos, vindos de quem quer que seja, sobretudo, quando atacam as maiorias silenciadas de direitos.

Campo Grande, 19/02/2020
Sindjor-MS
Resistir e Avançar