Com direito a palestra, debates e intervenções culturais, cerca de 100 mulheres compareceram à abertura da Semana da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, ocorrido na noite da última terça-feira (21). O evento, que visa promover uma série de debates e articulações de políticas públicas para mulheres negras em Campo Grande e tem o apoio do SindJor-MS, atende às celebrações alusivas ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana & Caribenha, que ocorre dia 25 de julho.
A abertura da semana marcou uma das etapas políticas do evento, que contou com a palestra da professora doutora Maria José de Jesus Alves Cordeiro, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Ela apresentou um panorama da situação das mulheres negras no Brasil e em Mato Grosso do Sul, além de defender o fortalecimento das políticas públicas para o segmento e o papel da educação no enfrentamento às violências contra a mulher.
Realizado numa parceria entre a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (Semmu) com o Coletivo de Mulheres Negras de MS (CMNEGRAS/MS) e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), o evento segue até o dia 24 com vasta lista de atividades, parte delas itinerante (veja programação ao final). Durante a abertura, também aconteceu o lançamento do Comitê Impulsor da Marcha das Mulheres Negras de Mato Grosso do Sul.
Empoderamento da mulher negra
Para a titular da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (Semmu), Liz Derzi de Matos, que esteve presente no evento, a secretaria tem papel fundamental em garantir condições para que a mulher negra seja protagonista da própria história. "Este evento está inserido neste contexto, mas o que realmente queremos é romper com os paradigmas que normatizam o racismo e a desigualdade entre os gêneros . É isso que já estamos fazendo", afirmou.
De acordo com a secretária, a pasta tem desenvolvido uma política efetiva para com a mulher negra. "A Semmu está nas comunidades quilombolas desenvolvendo projetos que fortaleçam a cultura e a identidade dessas mulheres. São muitas atividades que pretendem a visibilidade e o fortalecimento delas, de forma que assim consigamos promover o empoderamento e romper com o ciclo de opressões", disse.
A presidente e co-fundadora do Coletivo de Mulheres Negras, Ana José Alves, também destacou a importância da Semana da Mulher Negra no fortalecimento do segmento. "Chegamos ao sétimo ano da Semana em Campo Grande, e sempre com o objetivo de promover visibilidade às mulheres negras, que estão em todo o país e no mundo demarcando as nossas agendas com os temas que são pertinentes à nossa causa, como o combate ao racismo e ao machismo.
De acordo com Alves, em todo o país, as mulheres negras continuam na base da pirâmide social, política e econômica, o que as tornam mais vulneráveis às opressões que diariamente vitimam mulheres em todo o mundo. "O que estamos fazendo aqui é buscando fortalecer nossa identidade, nosso reconhecimento enquanto mulher e lutando pela nossa visibilidade", afirmou.
A palestrante da noite de abertura iniciou sua participação com um panorama da situação das mulheres no país, sobretudo as de raça negra. De acordo com a professora Maria José de Jesus Alves Cordeiro, de modo geral, a mulher negra é maioria entre as mulheres, mas também é maioria nos serviços menos remunerados, menos qualificados. "É o grupo com maior número de analfabetos, que têm o maior índice de trabalhadoras sem direitos trabalhistas garantidos e que mais sofrem violência doméstica", explicou. "É um quadro que precisa ser urgentemente mudado e por isso, o fortalecimento da identidade feminina é fundamental para combater esta realidade", concluiu.
24/07/2015
Sexta-feira
14h - Projeto Mulheres Negras nos Bairros
Resgate da Cultura Negra e Geração de Renda para Mulheres Negras com a Oficina de Turbante e Amarrações - Bairro Lageado
Instrutora: Mara Martins dos Santos
20 vagas - 2h de duração
sexta-feira, 24 de julho de 2015
Semana da Mulher Negra promove debates, visibilidade e fortalecimento de identidades
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