Os jornalistas da Grande Dourados já vêm enfrentando há bastante tempo os efeitos perversos da precarização e desrespeito aos seus direitos e à ética em uma região com pouca fiscalização, baixa consciência enquanto categoria profissional e, por outro lado, empresários do setor, em sua maioria, intoxicados pelo capital e pouco preocupados com a nobre missão do verdadeiro e dogmático jornalismo, mais interessados em ganhar dinheiro independente do custo social, moral e histórico.
A preocupação e o temor aumentam com as propostas de reforma trabalhista e previdenciária e talvez alguns ou muitos dos próprios companheiros ainda não tenham se dado conta do tamanho do estrago porvir. O que já é ruim pode sim ficar bem pior comprometendo ainda mais o bom jornalismo.
Diante de previsões tão horripilantes só nos restam, a nosso ver, duas opções: resistir por inteiro com afinco, fé, força e glória ou vergonhosamente desistir e, como vaquinhas de presépio, baixar cabeça para o novo modelo de escravidão pós-moderna.
Lembre-se que a luta dos trabalhadores, sejam jornalistas ou não, é histórica, árdua, travada com muito suor, sangue, enfrentamento, sofrimento e perseverança.
O algo de bom obtido nesse front advém da mobilização e resistência e não da falsa bondade emanada do capital e do patronato cujos protagonistas elegantes, sorridentes e lábia sedutora escondem o que há de pior: o carrasco dentro de si e a ganância para manter o status quo, salvo, obviamente, exceções.
Talvez seja inútil argumentar muito porque a realidade é nua e crua e nos abate em menor ou maior proporção.
Jornalista pode ter falhas, limitações, ideologias, desvios de caráter e ser antiético, ser bom, honesto, comprometido ou não, mas nenhum é besta, embora possa se passar por inocente para manter o próprio emprego com medo do enfrentamento e da exposição.
Não é borra-botas.
Quem faz mídia manipulando, distorcendo, mentindo e direcionando o faz conscientemente.
A nossa profissão, ao longo das duas últimas décadas, perdeu a aposentadoria especial de 25 anos durante o governo FHC; tem visto a “pejotização” bater seus calcanhares; a jornada especial de cinco horas vem sendo ameaçada e desrespeitada; o STF acabou com a obrigatoriedade do diploma para emissão do registro profissional contribuindo para que pessoas sem o menor perfil para o ofício, mas com nítido interesse em se locupletar ou apenas dar eco ao próprio ego se habilite; as constantes ações para enfraquecimento e desmonte de suas entidades representativas é outra dura face do patronato e governos de direita; o advento do banco de horas não passa de um instrumento sorrateiro para subtrair os adicionais das horas extras (quando são pagas) e favorecer as empresas; a jornada intermitente, enfim, a lista é longa.
O SINJORGRAN continuará sendo, como não poderia ser diferente, uma trincheira de luta e resistência não só dos jornalistas, perfilando-se sempre ao lado de outros trabalhadores que também sofrem e combatem governos e elites escravocratas.
Os jornalistas devem ou pelo menos deveriam ter consciência do seu papel profissional, social, político, democrático e cidadão.
O enfraquecimento do jornalismo de qualidade e ético só interessa a quem quer uma sociedade menos informada, menos esclarecida, menos democrática, menos organizada e, por tabela, submissa.
Some-se a nós e aos demais trabalhadores na luta contra as reformas que o governo Temer propõe e a todo tipo de supressão dos nossos direitos trabalhistas.
Essa batalha exige mobilização e sacrifícios pelo bem comum e ela não é inglória e nem impossível de ser vencida.
Se não o temos, caro jornalista, nas ruas, nos piquetes, no sindicato ou movimentos de resistência, pelo menos gostaríamos de tê-lo em consciência e em seus ambientes de trabalho porque a soma de consciências vertendo para um mesmo ideal também é uma forma de equação para derrotar esta elite e este governo discricionários.
Afinal, nós temos uma arma de verdade e nem sempre a usamos adequadamente.
Não podemos deixar que nos tirem a esperança, jamais.
Dourados (MS), 1º de maio de 2017
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