O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS) realizou novo levantamento junto aos principais veículos de imprensa de Campo Grande para saber se, frente à segunda onda de Covid-19 no Brasil, as empresas seguem dando a devida proteção aos profissionais, dentro dos protocolos orientados pelas autoridades de saúde. Também procurou saber se mais jornalistas foram infectados pelo vírus recentemente.
A entidade já realizou outros
levantamentos semelhantes logo no início da pandemia, em março, além de
publicar uma série de recomendações aos profissionais e às empresas para
mitigar os casos de transmissão e contágio por Covid-19 nos veículos de
comunicação e assessorias. Passados nove meses, é importante verificar novamente
as situações, principalmente devido ao avanço da doença nas últimas semanas,
causado, em grande parte, pelas recentes flexibilizações das medidas de
isolamento social e a falsa sensação de segurança.
No levantamento, foram ouvidos profissionais,
selecionados aleatoriamente, dos veículos que mais empregam jornalistas na
Capital, que explicaram como as empresas estão procedendo frente à pandemia.
Conforme foi apurado, a maioria dos veículos consultados continuam adotando
medidas para preservar a saúde e bem estar dos profissionais e evitar a
proliferação do vírus.
Confira o levantamento
completo:
Jornais online:
Campo Grande News - praticamente toda a redação voltou a trabalhar presencialmente desde o final de agosto, inclusive com coberturas externas. De início, a empresa tinha adotado regime de escalas especiais, alternando, semanalmente, os repórteres em home-office e os que trabalhavam presencialmente. Os profissionais que apresentaram sintomas compatíveis com a covid-19 ou tiveram contato próximo com caso suspeito ou confirmado são imediatamente afastados e geralmente fazem o teste pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) ou Unimed. Fora esses, atualmente, somente a equipe da editoria Lado B, formada por três repórteres, também está em home-office. Há a informação que inclusive uma jornalista gestante está trabalhando presencialmente na redação. Além disso, não há ventilação adequada no local de trabalho, e as mesas não estão distanciadas. A empresa emitiu comunicados sobre a obrigatoriedade de uso de máscara de proteção facial durante o período de trabalho, e disponibiliza o álcool em gel para os colaboradores. Desde o início da pandemia, foram sete casos confirmados entre jornalistas do Campo Grande News, sendo dois recentes.
Midiamax – o jornal
contratou uma empresa especializada em biossegurança, além de publicar na
última sexta-feira (18) novo acordo de teletrabalho. Sendo assim, 87% da redação voltou para o home-office. Em
cada turno há uma equipe que fica na redação, composta por três jornalistas: um
repórter, um repórter fotográfico e o coordenador. Também há um plantonista à
noite. A ordem na empresa é que no aparecimento do primeiro sintoma de covid-19,
o profissional comunique a chefia e fique no teletrabalho até a realização do
exame. Caso o resultado seja positivo, a pessoa é afastada. Além disso, quando
há contato entre alguém com suspeita da doença com outros colaboradores, a
empresa viabiliza a testagem de todos os que podem ter sido contaminados.
Recentemente, houve um caso suspeito de jornalista que pode ter contraído a
doença. Desde o início da pandemia, outros dois repórteres foram contaminados.
TopMídiaNews - o
procedimento é o mesmo desde o início da pandemia. A maior parte da equipe foi
liberada para o home-office e, somente três jornalistas permanecem no regime
presencial: o editor-chefe, um repórter e um repórter fotográfico. Desde março,
a direção da empresa registrou três casos positivos para covid-19 entre
jornalistas, sendo que nenhum deles é recente.
Diário Digital – a maior
parte dos profissionais foi liberado para o home-office, e a redação funciona
com quatro jornalistas por turno, o suficiente para manter o distanciamento.
Assim como as TV MS Record, do mesmo grupo, todos os profissionais que estão
trabalhando presencialmente são testados preventivamente a cada dois meses.
Desde o início da pandemia, a empresa não registrou nenhum caso de jornalista
que tenha contraído o vírus.
Televisão
TV MS
Record - os protocolos de biossegurança adotados desde o início da
pandemia também permanecem os mesmos. Os funcionários do grupo de risco
continuam afastados e a equipe presencial é reduzida e distribuída em várias
salas para evitar aglomeração. Com a volta do transporte público, os
jornalistas que dependem de ônibus são buscados e devolvidos em casa pelos
motoristas da empresa. Repórteres e cinegrafistas, depois que saem da empresa para
coberturas externas, não retornam à sede e deixam textos e fitas com as
matérias em local designado. A empresa ainda custeia os testes para covid-19
aos colaboradores que apresentarem sintomas compatíveis com a doença e, a cada
dois meses, todos os funcionários que estão trabalhando presencialmente também
são testados preventivamente. Nesses nove meses, dois jornalistas foram
infectados.
TV Morena - liberou parte da equipe da produção e edição
para o home-office. Já os jornalistas da redação estão trabalhando
presencialmente, mas com as estações de trabalho distanciadas, e com o mínimo
de circulação. Os profissionais do grupo de risco, que trabalham em ilhas de
edição, ficam em salas separadas, e há afastamento imediato de qualquer
colaborador que apresente sintomas compatíveis com a covid-19. As entrevistas
de estúdio voltaram a ser realizadas, mas os estrevistados têm a temperatura
medida já na portaria e devem responder a um formulário de biossegurança. Nessa
segunda onda, a empresa registrou um caso de jornalista infectado pelo novo
coronavírus. Anteriormente, outro jornalista também testou positivo.
TV SBT-MS - a empresa não
registrou nenhum caso recente de covid-19 entre jornalistas. Já na primeira
onda, dois casos de cinegrafistas, mas, conforme informações apuradas, foram
infectados durante suas férias e, portanto, não tiveram contato com o resto da
redação. Os protocolos para evitar a transmissão e contaminação do vírus dentro
da empresa permanecem ainda mais rigorosos. Há uso obrigatório de máscara e a
emissora contratou empresa especializada para realizar a sanitização do local.
Além disso, nas coberturas externas, as equipes levam microfone extra para
entrevistados e todos os equipamentos de uso coletivo são constantemente
higienizados. A empresa ainda está reduzindo ao máximo as entrevistas em
estúdio, e quando acontecem, são realizadas com distanciamento e uso de
máscara. Os profissionais que retornam de férias são testados antes de
reintegrarem a equipe.
TV Imaculada - todos os jornalistas estão intercalando um dia
trabalhando, presencialmente, e um dia em casa. A emissora segue com todas as
normas de biossegurança, com uso obrigatório de máscara em todos os setores da
empresa. Recentemente, um cinegrafista foi infectado pelo vírus, sendo
imediatamente afastado para quarentena. No entanto, já se recuperou e logo após
realizar o teste negativo, voltou ao trabalho. Entre jornalistas, a empresa não
registrou nenhum caso positivo desde o início da pandemia.
Jornais Impressos
Correio do Estado - os
jornalistas voltaram a trabalhar por meio de escala especial, desde o dia 15 de
dezembro: um dia, metade da equipe trabalha em casa, e a outra metade, na
redação. No dia seguinte, inverte. Os profissionais utilizam máscara e álcool
em gel. Não há casos recentes de infecção por covid-19 entre jornalistas, mas,
na primeira onda, três profissionais da redação contraíram o vírus.
O Estado MS - segundo
informações recebidas, são quatro casos recentes de infecção, que ocorreram no período
entre o pós-eleição e o início de dezembro. Todos foram imediatamente afastados
e já estão com a saúde estável, sendo que três deles voltaram a trabalhar
presencialmente e, um, já assintomático, também voltou a trabalhar, mas está no
regime de home-office. A empresa não registrou nenhum caso positivo no início
da pandemia. Conforme relatos, ainda se mantém o esquema de rodízio, em que
metade da equipe fica na redação e a outra metade em casa. Porém, no caso do
Jornal O Estado MS, essa inversão se dá semanalmente.
Rádios
CBN - após ter registrado
seis casos recentes de jornalistas infectados por Covid-19, redobrou o
cumprimento dos protocolos de proteção aos trabalhadores. Segundo a direção da
emissora, as ações de limpeza e higienização do local de trabalho foram
intensificadas, com contratação de empresa terceirizada para realizar a
sanitização. As mesas de trabalho também estão com distanciamento e, durante
todo o período de funcionamento da empresa, as janelas são abertas para
circulação de ar. Além disso, a direção da empresa está divulgando informações
acerca da covid-19 e medidas de prevenção e a redação da rádio vem sendo
monitorada por câmera para verificar se todas as medidas de proteção estão
sendo cumpridas. Todo e qualquer funcionário que apresente sintomas compatíveis
com a doença é imediatamente afastado, e os que foram infectados estão sendo
acompanhados remotamente pela empregadora, a fim de verificar a sua situação de
saúde. Felizmente, a maioria dos que testaram positivo para o vírus já está com
a saúde estável e começa a retornar ao trabalho a partir desta semana. A todos
eles, foi dada a opção de continuarem trabalhando no sistema home-office, se
assim preferirem.
Encaminhamentos
O Sindjor-MS oficiou a direção do
jornal Campo Grande News na tarde desta segunda-feira (21), cobrando um
posicionamento sobre as recentes flexibilizações nos protocolos de segurança
adotados pela empresa, uma vez que a redação está quase que integralmente em
regime presencial. Como já mencionado, a chamada ‘segunda onda’ do coronavírus
no Brasil, caracterizada pelo agravamento da situação da pandemia, com aumento
nas taxas de contágio e sobrecarga nos hospitais, é algo visto com imensa
preocupação pelo Sindjor-MS. Uma vez que os jornalistas exercem atividade
essencial e estão na linha de frente, constantemente expostos aos riscos de
contaminação, é importante que as empresas sigam com todos os protocolos
recomendados a fim de preservar a saúde e segurança dos profissionais.
(Matéria atualizada no dia 22 de dezembro, às 19h37, para acréscimo de informações)
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