Ocupar é o caminho!
(divulgação/coletivo de brechós do MS) |
No início da noite de sábado (10) por
volta das 19h, o coletivo e a nova gestão do Sindjor/MS (Sindicato dos
jornalistas de Mato Grosso do Sul) começou o movimento que deu força e identidade
à nova gestão: a ocupação. O lugar dos jornalistas, as histórias, as
narrativas, estão na rua, e o diálogo com a sociedade e com a classe também.
Ocupar é o caminho e a noite de sábado – que comemorou o Dia da Imprensa - foi
a prova concreta. No espaço da Orla Ferroviária, entre as ruas Maracaju e
Antônio Coelho – centro antigo da Capital, antes abandonado -, a movimentação
começou tímida. Poucas pessoas estão acostumadas ao uso do local. Um dos
primeiros ‘desbravadores’ da noite foi o tradicional pipoqueiro que vive e
trabalha na região. Destemido, ele chegou e conquistou as primeiras pessoas que
foram chegando. Já dava pra observar saquinhos de pipoca sendo carregados pela
orla.
Aos poucos, estandes de livros, brechó e trailers de comida foram se espalhando
pelo espaço. No pergolado, um jogo de luz vermelha e azul deu a dimensão mágica
do palco onde se apresentaram os artistas. O som alto também chamou atenção de
quem chegava por ali. Mesmo com algumas dificuldades de encontrar o local –
habituado ao esquecimento -, as pessoas seguiram o rastro da música e das luzes
e foram chegando.
Quando todos estavam engajados no bom papo, divertindo-se com
os amigos, um som meio distante surgiu e provocou o silêncio atento de todos:
era o teatro Imaginário Maracangalha, que chegava em fila com o estandarte do
líder indígena Marçal de Souza. A peça ‘Ferro em Brasa’ - que retrata a
colonização forçada do Brasil pelos estrangeiros e a opressão indígena -,
envolveu todos no local com uma reflexão das mazelas sofridas pelos povos
indígenas, em especial os guarani e kaiowá de Mato Grosso do Sul.
Apresentação da peça 'ferro em brasa' do Teatro Imaginário Maracanhalha (divulgação/Coletivo de Brechós do MS) |
Quem conduzia
as atrações era nossa convidada especial, Julia Miranda. Já o jornalista
Guilherme Cavalcante, com a desenvoltura de sempre, pegou o microfone e chamou
a amiga e também jornalista Manuela Barem para um bate papo especial sobre o
trabalho que ela desenvolve no portal Buzzfeed Brasil, do qual é editora no
Brasil.
Um dos nossos convidados especiais foi o juiz estadual Roberto Ferreira
Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande. Ferreira Filho integra diversas
lutas dentro do judiciário, enfrentando, com resistência, posições hegemônicas.
O juiz foi representar o MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral). No
início de sua fala, Roberto citou Vladimir Herzog, jornalista que foi
assassinado nos porões da Ditadura Militar (1964-1985) e que é um dos símbolos
do jornalismo atuante pelos direitos humanos. O juiz enfatizou a importância de
práticas eleitorais éticas e defendeu a importância do jornalismo engajado pela
luta dos direitos sociais.
Quem abriu os shows foi o cantor Ruspô, com a
sensibilidade de sua música autoral. As músicas do cantor e compositor, que
também é jornalista, são fruto das vivências e caminhos percorridos durante seu
trabalho, como ‘Altamira’ que fala da realidade dos povos dessa cidade do Pará.
Ruspô também apresentou, pela primeira vez, o novo single ‘Dourados’, uma
crítica imersa na rotina da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, marcada
pelo agronegócio, pela colonização e pela opressão dos povos indígenas. A
canção foi apresentada em parceria com a cantora Karô Castanha, que emprestou a
voz doce no refrão.
‘ Chatuba do agroboy’ - que é uma sátira ao modo de vista
dos produtores rurais do estado aliada a política agrária do Brasil - envolveu
os fãs, que entoaram a música. Seguindo a mesma temática, a jornalista Izabela
Sanchez apresentou ao público a poesia “Onde dormem os curumins”, uma crítica
em palavras sensíveis ao genocídio dos índios em nosso estado.
As apresentações
se seguiram com Alisson Gonçalves, Alexandre Kenji, a cantora Jool e também
Jimmy Andrews, mostrando a faceta da juventude que produz música em Mato Grosso
do Sul. Simona, músico que está há décadas no mercado, apresentou-se sozinho e
também em dueto com a filha Karô Castanha.
Entre as apresentações musicais, foi realizado o sorteio de prêmios oferecidos por parceiros. Todos eles foram de
empresas tocadas por jornalistas empreendedoras: Recanto das Ervas, Campo
Grande a Tiracolo, Mercado de Cheiros, Brigadeiros da Vivi, Grazzistore, Contexto
Mídia em associação com Parks Burguer, além da Sato Comunicação.
Ao fim da
noite, ficou a certeza de um evento com astral lá em cima, mas que também
apresentou reflexões e, além de comemorativo, serviu para apresentar à
categoria a nova gestão do SindJor e convidar os colegas jornalistas a
participar da ocupação dos espaços a que pertencemos. “Ficou, também, o pedido
de novas edições, que já está em avaliação”, informa a presidenta do SindJor,
Marta Ferreira.
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